O fim do Hackintosh pode estar próximo

A comunidade Hackintosh, que há anos possibilitou rodar o macOS em hardware não-Apple, está se aproximando de seu fim definitivo. Com a transição completa para os chips Apple Silicon (M1, M2, M3, M4 e futuras gerações), a Apple encerra de vez a compatibilidade do macOS com processadores Intel, tornando o Hackintosh inviável para novas instalações e atualizações.

Linha do Tempo do Hackintosh

2005: O início de tudo
A ideia de rodar o macOS em computadores não-Apple começou a ganhar forma quando usuários descobriram brechas no sistema para instalar o macOS em PCs com processadores Intel. No entanto, isso não era oficial, e o processo era complicado, dependendo de modificações no código do sistema operacional.

2006: O primeiro Hackintosh
O programador Tony Mac (criador do famoso site tonymacx86) foi uma das figuras centrais nesse movimento. Ele é amplamente creditado por criar o primeiro Hackintosh de forma funcional, ao adaptar o sistema operacional macOS para rodar em hardware baseado em Intel. A partir disso, Tony Mac começou a compartilhar tutoriais e ferramentas, tornando-se uma das figuras mais influentes para a comunidade Hackintosh.

2008: O boom da comunidade
O surgimento de fóruns e tutoriais especializados, como o InsanelyMac e o tonymacx86, fez com que o Hackintosh ganhasse mais adeptos. Isso possibilitou que usuários comuns pudessem instalar o macOS em suas máquinas, trazendo o sistema da Apple para uma ampla variedade de hardware.

2010-2015: A era de ouro do Hackintosh
Durante esses anos, o Hackintosh se tornou uma verdadeira alternativa ao mercado de Macs, principalmente para aqueles que não podiam pagar pelos produtos Apple. A estabilidade e os recursos avançados do macOS, como o Spotlight e o Time Machine, atraíram muitos usuários. O desenvolvimento de ferramentas como o MultiBeast e o UniBeast facilitaram a instalação, enquanto o OpenCore, lançado em 2019, trouxe maior estabilidade e suporte às versões mais recentes do macOS.

2015: A chegada do macOS Sierra e do sistema de segurança
A Apple começou a implementar recursos de segurança que dificultaram ainda mais a instalação do macOS em PCs não-Apple. Com a introdução de medidas como a verificação da assinatura de software, o processo de criação de um Hackintosh tornou-se cada vez mais complexo.

2020: A transição para Apple Silicon
Em 2020, a Apple anunciou sua mudança dos chips Intel para os processadores Apple Silicon (M1, M1 Pro, M1 Max), uma arquitetura ARM personalizada que não pode ser replicada em hardware de terceiros. Isso sinalizou o início do fim para o Hackintosh, já que o sistema macOS seria otimizado exclusivamente para esses chips.

2023-2024: O fim da compatibilidade com Intel
A cada nova versão do macOS, a Apple tem fechado mais brechas e removido funcionalidades que permitiam o funcionamento de Hackintosh. Com o lançamento do macOS Sonoma, a Apple começou a descontinuar a compatibilidade com muitos modelos de Macs Intel mais antigos. O futuro do Hackintosh se tornou incerto, com a comunidade lutando para manter versões mais antigas do sistema operacional em PCs.

Fim do suporte a Intel no macOS
Desde 2020, a Apple anunciou a transição total para sua própria arquitetura de chips baseados em ARM. Embora ainda haja suporte para Macs Intel em versões recentes do macOS, a tendência é que, em poucos anos, o sistema deixe de oferecer qualquer compatibilidade com essa plataforma. O macOS Sonoma (2023) já deixou de oferecer suporte para alguns modelos de Mac Intel mais antigos.

Por que o Hackintosh está morrendo?

Apple Silicon: um ecossistema fechado e proprietário
Os novos processadores Apple Silicon (como o M1, M2 e M3) combinam CPU, GPU, memória RAM e outros componentes em um único chip, eliminando a possibilidade de modificação ou instalação do macOS em hardware de terceiros. Isso torna impossível replicar o comportamento desses chips em um PC comum, diferentemente dos processadores Intel, que seguiam uma arquitetura aberta e compatível com múltiplos fabricantes.

Atualizações cada vez mais restritivas
A Apple vem fechando cada vez mais as brechas usadas pela comunidade Hackintosh. Atualizações de segurança e novas versões do macOS introduzem medidas para impedir que o sistema operacional rode em hardware não oficial, tornando a manutenção de um Hackintosh cada vez mais complicada.

Perda de suporte a drivers essenciais
O macOS já começou a remover suporte a diversos componentes usados em PCs comuns, como placas gráficas NVIDIA e alguns chipsets de áudio e rede. Além disso, drivers personalizados desenvolvidos pela comunidade (como o OpenCore) podem deixar de funcionar à medida que a Apple elimina compatibilidades com o hardware x86.

Aleksandar Vacić, afirma:


“O Hackintosh está (quase) morto,” e a transição para Apple Silicon é parcialmente responsável. 

Ele continua, dizendo que a Apple “removerá completamente todos os vestígios de suporte a drivers” para placas de Wi-Fi e Bluetooth essenciais para o mundo Hackintosh.

Vacić explica que, no macOS Sonoma, a Apple removeu completamente o suporte a drivers para as suas placas Wi-Fi/Bluetooth mais antigas, especificamente as várias placas Broadcom usadas nos modelos de iMac e MacBook de 2012/13.

“Esses modelos de Mac não são mais suportados pelo macOS há alguns anos, então não é surpresa que os drivers estejam sendo removidos. O motivo mais provável é que a Apple está movendo os drivers de .kext (Kernel Extensions) para .dext (DriverKit), limpando o código obsoleto e não utilizado do macOS. Eles fizeram o mesmo com os drivers Ethernet no Ventura.”

Essas placas eram “o ingrediente-chave para muitas montagens de Hackintosh totalmente funcionais,” diz Vacić. Isso ocorre porque essas placas funcionavam “de forma nativa” com recursos como iMessage, FaceTime, AirDrop, Continuity, entre outros. Vacić conclui, declarando que, devido a essas mudanças, “o Hackintosh está em seu leito de morte para muitas pessoas”:


“Portanto, o Hackintosh está em seu leito de morte. Algumas coisas ainda funcionarão por mais alguns meses ou até anos, dependendo do que você usa e se a falta de Wi-Fi te incomoda ou não. Mas para mim, não. Eu posso viver sem o AirDrop, Continuity e Handoff, mas o Messages e o FaceTime devem funcionar. Junto com a falta de confiabilidade descrita e a preocupação com a possibilidade de uma próxima atualização deixar tudo sem funcionar — não vale a pena.”

A era do hardware exclusivo da Apple
Com os Macs baseados em Apple Silicon, a Apple reforça sua estratégia de controle total sobre hardware e software. Isso garante maior otimização e segurança, mas ao mesmo tempo encerra qualquer possibilidade de um “macOS genérico” rodando em qualquer computador.

Rumores sobre o macOS 16
Há rumores de que o macOS 16, a próxima versão planejada para 2024, pode ser o ponto final para a compatibilidade com Macs baseados em processadores Intel. Embora ainda não tenha sido confirmado oficialmente pela Apple, a comunidade Hackintosh está em alerta, pois a tendência das últimas atualizações do sistema mostra um foco crescente na arquitetura Apple Silicon e a remoção de suporte a Intel. Caso esse rumor se confirme, o macOS 16 seria a última versão do sistema a oferecer suporte a dispositivos com chips Intel, acelerando ainda mais o fim da era Hackintosh.

Ainda vale a pena investir em um Hackintosh?

Se você já tem um Hackintosh rodando em um processador Intel, ainda pode utilizá-lo com versões mais antigas do macOS. No entanto, conforme a Apple avança com suas novas arquiteturas, o suporte a Intel deve desaparecer completamente, tornando inviável manter o sistema atualizado.

 Alternativas para usuários Hackintosh

Comprar um Mac original – Se você depende do ecossistema Apple para trabalho ou estudo, investir em um MacBook ou Mac Mini pode ser a melhor opção a longo prazo.

Migrar para Linux – O Linux oferece muitas das vantagens do macOS, como estabilidade, suporte a desenvolvimento e interface refinada, além de ser altamente personalizável e compatível com uma ampla variedade de hardware.

Usar uma máquina virtual – Se você precisa do macOS ocasionalmente, pode rodá-lo dentro de uma máquina virtual no Windows ou Linux, embora com algumas limitações de desempenho.

O Hackintosh foi uma solução criativa e revolucionária que permitiu a muitos usuários acessarem o macOS sem o alto custo dos Macs. No entanto, essa era está chegando ao fim devido às mudanças na arquitetura dos novos Macs e às restrições impostas pela Apple. Quem ainda depende de um Hackintosh deve considerar alternativas antes que o suporte desapareça por completo.

Você já usou um Hackintosh? Como vê o futuro dessa prática? Compartilhe sua opinião nos comentários! 

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