As ações da Apple atingiram o nível mais baixo desde junho de 2024 após a imposição de tarifas comerciais pelo ex-presidente Donald Trump e a resposta imediata da China, com medidas retaliatórias que podem afetar duramente o preço dos iPhones e demais produtos da empresa nos Estados Unidos.
Apple no centro da guerra comercial entre EUA e China
O governo Trump anunciou no início da semana tarifas de até 54% sobre importações da China, medida que afeta diretamente a cadeia de produção da Apple, que depende fortemente de fábricas em solo chinês — além de unidades na Índia e Vietnã.
Em resposta, a China anunciou tarifas de 34% sobre produtos dos EUA, o que amplia a tensão entre as duas maiores economias do mundo e aumenta o risco para empresas de tecnologia como a Apple.
Trump minimiza impacto e promete “boom”
Mesmo diante da queda brusca nas ações, Trump afirmou que as tarifas estão indo “muito bem” e comparou o momento a uma cirurgia importante:
“Foi como uma operação. Nunca vimos nada parecido.”
Em publicação na rede Truth Social, ele também disse que a China “entrou em pânico” e que “não pode se dar ao luxo de fazer isso”.
No entanto, analistas financeiros e consultorias de investimento discordam do otimismo do ex-presidente. A metodologia usada para calcular as tarifas também é questionável: em vez de se basear nas tarifas existentes, ela foi construída a partir do déficit comercial entre os países, dividido pelas exportações e reduzido pela metade — com um adicional fixo de 10% aplicado universalmente.
Prejuízo bilionário para a Apple
Segundo estimativas do Morgan Stanley, a Apple poderá enfrentar um impacto de US$ 33 bilhões em tarifas a curto prazo — de um total de US$ 51 bilhões estimado para todo o setor de tecnologia dos EUA.
Antes do anúncio em 2 de abril, as ações da Apple eram negociadas a US$ 225,19. Já ao meio-dia do dia 4 de abril, o valor caiu para US$ 195,63, o que representa a primeira vez em que as ações ficaram abaixo de US$ 200 desde junho de 2024.
Impacto nos preços do iPhone
Embora a Apple tenha mantido os preços do iPhone relativamente estáveis nos últimos anos (pelo menos nos EUA e na China), especialistas indicam que é quase certo que o iPhone 17 será mais caro. Isso porque todos os componentes importados pela empresa — incluindo chips fabricados pela TSMC em fábricas nos EUA que ainda dependem de metais raros do exterior — também estarão sujeitos às novas tarifas.
Durante o primeiro mandato de Trump, Tim Cook conseguiu negociar isenções para a Apple, o que amenizou os efeitos das tarifas. Mas, até o momento, a empresa não obteve o mesmo sucesso.
Incerteza no mercado
Ao contrário de quedas anteriores, que eram vistas como oportunidades de compra por analistas, não há consenso no mercado sobre o que fazer com as ações da Apple agora. A situação atual é considerada volátil demais e imprevisível a curto e médio prazo, tornando difícil qualquer recomendação de compra ou venda.