A Apple divulgou nesta quinta-feira (25) os resultados financeiros do último trimestre e destacou um marco inédito: sua divisão de serviços alcançou uma margem bruta recorde de 75,7%, o maior índice já registrado pela empresa nesse segmento. Esse número representa um avanço significativo frente aos 35,9% da margem bruta do setor de hardware, que ficou aquém das expectativas do mercado (esperava-se algo em torno de 36,6%).
A margem de 75,7% foi obtida sobre receitas de US$ 26,64 bilhões, com custos de US$ 6,46 bilhões. Com isso, os serviços se consolidam como a segunda maior frente de negócios da Apple — atrás apenas do iPhone — e uma das mais lucrativas da companhia.
O que está incluído na divisão de Serviços da Apple?
O setor abrange uma série de produtos e plataformas:
- iCloud
- Apple Music
- Apple TV+
- AppleCare
- App Store (incluindo a comissão de 15 a 30% sobre compras e assinaturas digitais)
Apesar do foco em produtos voltados ao consumidor, como conteúdo e entretenimento, especialistas apontam que boa parte da lucratividade vem da “taxa Apple” — a controversa comissão cobrada sobre transações na App Store, que já rendeu críticas de empresas como Spotify e Epic Games. Ambas alegam que a Apple abusa de sua posição dominante no ecossistema iOS.
O que disse Tim Cook?
Durante a apresentação de resultados, o CEO da Apple, Tim Cook, ressaltou o papel dos serviços no cotidiano dos usuários:
“Com programas incríveis como The Studio, Your Friends and Neighbors e a aclamada Severance, o Apple TV+ se tornou um destino imperdível, com recorde de audiência neste trimestre. […] Nossos serviços enriquecem a vida dos usuários ao longo do dia — desde ouvir podcasts pela manhã até usar o Apple Pay para comprar um café ou fazer exercícios com o Fitness+ à noite.”
Cook também mencionou a empolgação com o filme F1, estrelado por Brad Pitt, que estreia nos cinemas neste verão, reforçando a ambição da Apple no mercado de entretenimento premium.
Crescimento sustentado, mas com riscos no horizonte
A receita de serviços aumentou 11,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, consolidando uma trajetória de crescimento consistente da divisão ao longo da última década. No entanto, analistas permanecem cautelosos sobre a sustentabilidade desse ritmo, especialmente diante de pressões regulatórias:
- A Digital Markets Act (DMA) da União Europeia já começou a impactar o modelo de negócios da Apple.
- O Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) prepara um novo processo antitruste contra a empresa.
- E decisões judiciais desfavoráveis, como a recente derrota contra a Epic Games, sinalizam desafios futuros.
Apesar disso, a Apple mantém sua posição dominante no setor de serviços digitais, transformando sua plataforma em um ecossistema lucrativo e de alta fidelização.