BBC acusa Apple e Google de esconder origem de suas notícias no Apple News

Radiodifusora britânica denuncia que falta de destaque à sua marca prejudica financiamento público e cobra mudança da autoridade antitruste do Reino Unido

BBC apresentou uma reclamação formal à CMA (Competition and Markets Authority), órgão antitruste do Reino Unido, alegando que os serviços de notícias da Apple e do Google — como o Apple News — estão minimizando o crédito às fontes originais do conteúdo que divulgam. Segundo a emissora, isso prejudica diretamente sua reputação e o financiamento público do qual depende.

A denúncia surge no contexto de uma investigação mais ampla da CMA sobre o domínio de Apple e Google em sistemas operacionais móveis e mecanismos de busca. Agora, o foco também se volta para o modo como essas empresas distribuem conteúdos jornalísticos.

BBC quer mais destaque para sua marca nos agregadores de notícias

Para a BBC, o problema é claro: seu conteúdo é amplamente usado, mas a autoria é ocultada ou mal destacada, o que afeta diretamente sua relação com o público — especialmente no Reino Unido, onde o financiamento da emissora se dá por meio de uma taxa de licença obrigatória.

Atualmente, cada domicílio britânico paga cerca de US$ 225,65 por ano para manter a operação da BBC. Essa taxa representa 68% da receita anual da empresa, que também lucra com licenciamento internacional e publicidade, mas depende fortemente do apoio do público britânico para justificar sua existência.

“Se o público percebe valor no nosso conteúdo e serviços, mas atribui esse valor aos intermediários em vez da BBC, isso prejudica a percepção de valor da própria BBC”, declarou a emissora em sua submissão à CMA.

Os “intermediários” mencionados seriam Apple, Google e outros agregadores de notícias e podcasts que utilizam o conteúdo da BBC, mas não destacam devidamente a origem.

BBC propõe solução simples: destaque visual para as fontes

Como medida corretiva, a BBC sugere que os aplicativos e plataformas exibam de forma mais proeminente os logotipos ou nomes das fontes jornalísticas em seus agregadores. Embora a decisão da CMA afete diretamente apenas o Reino Unido, caso aprovada, é provável que Apple e Google apliquem o padrão globalmente.

Além de ser reconhecida por seus programas de entretenimento, a BBC é uma das maiores fornecedoras de notícias online do mundo e opera a rede de rádio BBC World Service. Para a corporação, a falta de crédito à sua produção editorial compromete o financiamento público e a confiança do público em sua marca.

Apple já enfrentou críticas por uso de IA para resumir notícias

Essa não é a primeira vez que a Apple entra em conflito com a BBC. Recentemente, a empresa utilizou sua inteligência artificial para gerar resumos automáticos de notícias britânicas, o que resultou em distorções e imprecisões no conteúdo publicado.

A reação da BBC e de outros veículos foi imediata, alegando que os resumos comprometiam a credibilidade e a precisãodas reportagens originais. Como resposta, a Apple passou a indicar quando um resumo havia sido gerado por IA. No entanto, diante das críticas, a empresa desativou os resumos automáticos por padrão — embora usuários ainda possam ativar a função, com o aviso de que está em versão beta e pode conter erros.

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