Grandes empresas de tecnologia, incluindo Apple, Google, Meta, Amazon e Microsoft, pediram oficialmente que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) reconsidere a decisão de leiloar o espectro de 6 GHz no Brasil para uso de redes móveis. O pedido foi feito durante consulta pública sobre o cronograma dos próximos leilões de frequência no país.
O que está em jogo com a faixa de 6 GHz?
Historicamente, a faixa de 6 GHz vinha sendo utilizada para serviços não licenciados, como Wi-Fi. No entanto, no final de 2024, a Anatel decidiu abrir essa faixa também para uso de redes móveis (IMT), o que pode prejudicar a expansão e qualidade do Wi-Fi em todo o Brasil.
Segundo a Apple, manter o espectro de 6 GHz exclusivamente para o Wi-Fi garante mais segurança regulatória, reduz custos e maximiza os benefícios das tecnologias sem fio para consumidores, escolas, hospitais e empresas.
Impacto direto para usuários e empresas
A Apple destaca que hospitais, escolas e agências governamentais já investiram em equipamentos que operam em toda a faixa de 6 GHz. Se o leilão ocorrer, será necessário instalar mais pontos de acesso (access points) para compensar a perda de espaço no espectro, aumentando os custos de infraestrutura.
Outro ponto importante citado é que 84,5% dos usuários de banda larga fixa no Brasil acessam a internet via Wi-Fi. Já entre usuários de celular, 74,5% dos pré-pagos e 61,4% dos pós-pagos preferem Wi-Fi aos dados móveis, segundo dados da própria Anatel.
ITI também pede revisão da decisão da Anatel
Além da Apple, o ITI (Information Technology Industry Council), associação que reúne gigantes como Amazon, Cisco, Google, Meta e Microsoft, também pediu que a Anatel reconsidere a decisão.
O ITI argumenta que liberar a faixa de 6 GHz para redes móveis não trará benefícios claros, já que os equipamentos compatíveis com essa tecnologia ainda levarão tempo para chegar ao mercado. Por outro lado, os dispositivos com Wi-Fi 6E que usam a faixa já estão disponíveis e amplamente utilizados.
Para o ITI, antes de liberar mais espectro para redes móveis, a Anatel deveria incentivar práticas como o compartilhamento de redes, o fatiamento de rede (network slicing) e a otimização do uso do espectro já disponível.
O futuro do Wi-Fi no Brasil está em debate
O debate sobre o uso da faixa de 6 GHz é essencial para o futuro da conectividade no Brasil. As big techs alertam que limitar o acesso não licenciado a essa faixa pode sufocar a inovação e prejudicar o desenvolvimento de cidades inteligentes, telemedicina e automação industrial.
A decisão final da Anatel deve levar em consideração os impactos econômicos, sociais e tecnológicos para o Brasil.